O que é uma jaqueta de armar?

A jaqueta de armar é uma peça típica da indumentária militar medieval que funcionava como base acolchoada para montar e fixar as peças de uma armadura de placas. Também conhecida pelo seu nome europeu aketon, esta peça surgiu como uma versão mais curta e funcional do gibão, pensada para oferecer proteção, amortecimento e um ponto de ancoragem estável para correias, fivelas e seções de cota de malha.

Jaqueta de armar medieval, vista frontal

Origem e contexto histórico

Durante os séculos XIV e XV, a evolução da guerra e da metalurgia levou à consolidação da armadura de placas — frequentemente chamada de armadura branca —. Para que as peças metálicas funcionassem corretamente sobre o corpo do combatente, era necessária uma base acolchoada que:

  • Distribuísse os impactos.
  • Prevenisse atritos do metal.
  • Servisse para fixar correias e peças de cota de malha.

Essa função era desempenhada pela jaqueta de armar. Sua denominação aketon provém de termos relacionados ao algodão ou tecidos acolchoados, embora na prática histórica tenham sido usados diversos materiais conforme a disponibilidade e a capacidade econômica do usuário.

Características principais

  • Corte curto: desenhada para cobrir o tronco sem alongar tanto quanto o gibão, facilitando a articulação e a fixação de faldões e placas.
  • Acolchoamento interno: camadas de tecido costuradas que criam câmaras recheadas — historicamente com linho, lã ou trapos; em reproduções modernas com algodão e enchimentos sintéticos — que amortecem impactos e atritos.
  • Pontos de ancoragem: correias, ilhós e reforços costurados para fixar peças de placa e, em muitos casos, seções de cota de malha (por exemplo, proteções nas axilas ou pescoço).
  • Compatibilidade: pensada para integrar conjuntos multicamadas: jaqueta acolchoada + cota de malha (parcial) + placas metálicas.

Detalhe do acolchoamento e fixações de uma jaqueta de armar

Materiais e fabricação

Historicamente, as jaquetas eram confeccionadas com tecidos resistentes como linho, lã ou algodão e preenchidas com camadas de tecido ou fibras soltas costuradas em compartimentos. O acolchoamento podia ser:

  • Linear: costuras horizontais ou verticais que criam faixas acolchoadas.
  • Quadriculado: tabuleiro de quadrados que estabiliza o enchimento.
  • Estratificado: múltiplas camadas para maior absorção de impactos.

Além disso, os artesãos reforçavam zonas específicas (ombros, peito, cintura) com peças internas mais rígidas ou com costuras adicionais para suportar o peso das placas.

Funções práticas em combate e cerimônias

  • Proteção contra impactos menores: reduz a contusão e evita marcas pelo metal.
  • Suporte da armadura: mantém as placas alinhadas e evita deslocamentos durante o movimento.
  • Versatilidade: em situações adversas servia como proteção leve por si só para homens com recursos limitados.
  • Adaptabilidade: permitia costurar ou unir fragmentos de cota de malha em pontos vulneráveis (axilas, virilha, pescoço) para uma proteção combinada.

Representação de um cavaleiro vestindo jaqueta de armar sob placas

Como se diferenciava do gibão

Embora ambos sejam peças acolchoadas, a diferença está no propósito e no corte: o gibão costuma ser mais longo e às vezes usado como única proteção, enquanto a jaqueta de armar é uma variante recortada específica para funcionar como estrutura e ponto de ancoragem de uma armadura de placas.


Elemento Jaqueta de armar Gibão
Comprimento Curta, centrada no tronco Mais longa, cobre torso e parte da pelve
Uso principal Base para montar armadura de placas e costurar seções de malha Proteção independente ou base para armaduras leves
Material típico Linho/algodão com enchimento; reforços em zonas-chave Linho, lã ou algodão com vários acolchoamentos
Incorporação de malha Frequente: peças costuradas ou presas Menos habitual

Relevância e legado

A jaqueta de armar representa um exemplo claro da lógica protetiva por camadas desenvolvida na Idade Média: combinar tecidos acolchoados com metal e malha para compensar as limitações de cada material. Hoje serve como referência para reconstrução histórica e estudo de técnicas têxteis e de alfaiataria militar, assim como para compreender como a necessidade prática influenciou o design da indumentária defensiva.

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